Friday, February 10, 2017

Fernando Pessoa em de-bate!

Discute-se hoje Fernando Pessoa e a sua heteronimia. Não, não ponho acento, não digo heteronímia!
Discute-se: ele é um todo, que conscientemente se desmultiplica, obedecendo a uma ideia muito sua, fundadora do nosso Modernismo, ou é um amontoado de fracturas do ser- e -pensar-ser, num modo inovador de existência?
Pessoa existe? Ou apenas finge, para que se julgue que sim, existe, insiste, existe - e assim por diante, num engano de alma ledo e cego? E morre cedo...
Não arrumou os papéis, os montões que deixou para uma posteridade que agora se entretém a discutir.
Discutir.
Não bastaria ler, lê-lo, para que ele existisse, como era seu desejo? Ser lido por muitos, ser lido por todos.
É o que deseja um escritor, ser lido, mais do que entendido, pois o entendimento será produto de modas, de tempos, de ocasiões, as mais diversas, como esta de agora.
Pessoa, nesta posteridade, ganhou uma outra vida.
Faltava-lhe, foi desejada, foi procurada e provocada - aí está a sua heteronimia, agora pela afirmação de outros, muitos, todos, ou quase todos.
E não, eu não ponho esse acento!



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