Thursday, August 23, 2018

FRANK


FRANK
O seu nome era Frank.
Apenas queria ser feliz, ter alguém que o amasse e que ele pudesse também amar de volta. Mas com aquele seu corpo monstruoso, retalhado e muito mal cosido, mãos tão grandes que não serviriam para carícias, só para apertar pescoços, que poderia fazer? Escondia-se de dia, e à noite saía pelas ruas, ia por vezes a uma floresta próxima, sentava-se numa pedra e chorava como uma criança abandonada.
Ninguém sabia dele, e ele assim nunca saberia de ninguém.

(ao Filipe Melo, e aos artistas do cadavre-exquis que ele foi desafiando para o JL de homenagem a Mary Shelley, em 29 de Agosto de 2018).