Sem intuição não há arte?
Eu diria que não há arte sem trabalho!
Na ciência como na arte parte-se de uma súbita ideia, uma súbita imagem (nisso artistas e cientistas têm muito de semelhante) que surge por intuição mas que depois é preciso ampliar, desenvolver, fundamentar (no caso da ciência com argumentos já de racionalidade e experimentação) até chegar a um resultado que consideramos final.
Intuição, imaginação criadora, são qualidades que o escritor possuirá mas que sem uma sólida cultura de base, e sem a reflexão e capacidade de crítica e auto-crítica que se lhe devem aliar, de pouco servirão. Pode escrever, sim, mas sem benefício real para si mesmo ou para os outros ( refiro-me a benefício de alma, não de dinheiro).
Dirão: mas se tem intuição, sensibilidade - isso não chega?
A resposta é não.
Se consultarmos o Grande Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo veremos que a definição de intuição é a dada altura a seguinte:
"...acto de ver/pressentimento/ percepção rápida/conhecimento claro".
Fiquemos no conhecimento claro, a meu ver assente num conjunto de conhecimentos adquiridos, assimilados, numa reserva de saber, no que se chama vulgarmente cultura.
A cultura é indispensável porque é a cultura - literária, filosófica, artística em geral - que alimenta o nosso próprio "fundo" de ideias, o nosso "armazém", que permite no inconsciente que outras ideias e imagens vão tomando forma, mas com boas raízes de conhecimento elaborado.
E mais: a cultura adquirida permite "comparar": sem poder comparar como saberemos se o que estamos a fazer já foi feito por outrem e até muito melhor? E nesse caso o que temos é de seguir para a frente, buscando o nosso caminho e não o que já foi trilhado.
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