tag:blogger.com,1999:blog-5110881366061117696.post4558693660542357652..comments2023-03-20T10:51:08.781-07:00Comments on Escrita Criativa: O Centro: Orfeu. Eurídice. HermesYvette Centenohttp://www.blogger.com/profile/11235547105011363604noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-5110881366061117696.post-31492227308041080502011-05-01T04:49:45.587-07:002011-05-01T04:49:45.587-07:00Jung foi para mim, durante anos, a leitura que se ...Jung foi para mim, durante anos, a leitura que se transformou em via de conhecimento e reconhecimento (de mim mesma e dos outros).<br />Através dele passei para o estudo da alquimia como arte da alma ( o yoga do ocidente, como ele dizia) lendo e relendo os tratados desde os antigos gregos.<br />Tive um guia, alquimista junguiano: Etienne Perrot (talvez parte da sua obra esteja traduzida no Brasil?) e na realidade, para abordar o imaginário literário, ou as estruturas oníricas que se nos apresentem,são muitas as chaves que nos são dadas:demoram a encontrar? Não importa, se não desisitirmos da procura...<br />Orfeu não é caminho, é só perplexidade, não porque tenha olhado para trás ( a memória faz falta) mas porque duvidou.<br />Na entrega não se pode duvidar.Yvette Centenohttps://www.blogger.com/profile/11235547105011363604noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5110881366061117696.post-3379693148455826852011-04-30T19:52:41.331-07:002011-04-30T19:52:41.331-07:00E para descer mais fundo é preciso coragem, pois t...E para descer mais fundo é preciso coragem, pois tênue é a linha entre individuação e loucura: há sempre o risco de se resvalar para a segunda via. O meio-termo, graças a Deus, é o costumeiro. Jung, em conferência proferida sob o título Die Stimme des Inneren (A voz do íntimo), publicado como tratado sob a denominação Vom Werden der Persbnlichkeit (Da formação da personalidade), diz-nos que o desenvolvimento da personalidade encerra três fatores: a necessidade, a pístis, e o que ele chama de Bestimmung (designação). Ressalto o último fator. Trata-se de uma instância irracional, para além do eu. “Quem tem designação (Bestimmung) escuta a voz ( Stimme) de seu íntimo.“ Esta voz, que em português somente encontra uma aproximação com a palavra vocação ou chamamento, explica o tradutor da editora no Brasil, não aponta para um sentido cristão, podendo-se cair no equívoco de identificá-la com a voz de Deus. Nada mais espúrio. Jung não é um padre rsrsrs. A palavra usada é vaga, e conclui a nota de tradução: “Entenda, pois, o leitor a palavra designação como uma vocação feita pela voz que provém do interior da pessoa”.<br />O desenvolvimento da personalidade, diz-nos ainda o psiquiatra, até a consciência completa, é um carisma e uma maldição. Outra citação: “Somente pode tornar-se personalidade quem é capaz de dizer um ”sim” consciente ao poder de destinação interior que se lhe apresenta; quem sucumbe diante dela fica entregue ao desenrolar cego dos acontecimentos e é aniquilado. O que cada personalidade tem de grande e de salvador reside no fato de ela, por livre decisão, sacrificar-se à sua designação e traduzir conscientemente em sua realidade individual àquilo que, se fosse vivido inconscientemente pelo grupo, unicamente poderia conduzir à ruína”.<br />Ah... Pobre Orfeu... O que suas dúvidas lhe reservaram? A amada, foi-lhe preterida. Vivia por ela... De que lhe serviu o canto tão belo em vida, pelo que até as árvores se abaixavam? Sua hesitação, a ausência de um sim consciente, talvez com um paralelo com a esposa de Ló, fora sua ruína. <br />E uma última alusão a Jung: “Na mesma medida em que alguém se torna infiel à sua própria lei e deixa de tornar-se personalidade, perde também o sentido de sua própria vida. Por sorte a natureza bondosa e indulgente não chega a propor à maioria das pessoas essa pergunta fatal a respeito do sentido da própria vida. E se ninguém pergunta também ninguém precisa dar resposta”<br />Bem, grandes personalidades, como Rilke, sofrem e repisam a dor que lhes esmagam; todavia, o seu crisol.<br />As profundezas abissais são, simultaneamente, as correntes e a via da salvação. Não creio que Eurídice fosse uma ilusão: ao contrário, ouso afirmar, sua amada concreta e, mesmo, sua libertação. A dúvida impediu o recontro consigo e com o outro. Com o Centro, a totalidade, o sentido último da existência. Pobre Orfeu... Foi um maldito.<br />Forte abraço Yvette,<br />Erica PompeuEricahttps://www.blogger.com/profile/00063748748036659706noreply@blogger.com